Ultimamente tenho falado muito sobre o tema “cristão e ação social”, embora aqui no blog seja a primeira vez; este é o assunto mais importante e mais esquecido nas igrejas hoje. É lógico que a teologia da prosperidade é a principal culpada, pois há igrejas que seguem essa doutrina e outras que não seguem, mas são “ocultamente” influenciadas por ela, não há espaço para o próximo, só para o ego, não existe intercessão, existe só a busca do “meu milagre” (hoje o meu milagre vai chegar...), tudo é na primeira pessoa do singular. Sem a teologia da prosperidade ainda seria muito difícil por causa o individualismo do século XXI, onde a tendência é cada vez mais o egoísmo, e dentro das igrejas isso era pra ser combatido com firmeza, mas não é o que acontece, estamos achando que está tudo bem, que faz parte da vida, e até incentivamos isso em nossos cultos antropocêntricos.
É evidente que a bíblia como um todo aponta para Cristo, de Gêneses a Apocalipse Cristo é o centro, e isso deveria influenciar nossas vidas e nossos cultos para que fossem cristocêntricos. Desta forma conseguiríamos ver claramente a vontade de Deus e perceberíamos que quando chegamos até Jesus ele nos aponta o próximo.
Se desejamos perdão devemos perdoar (Mt. 6:12)
Se desejamos amar a Deus temos que amar o próximo. (1Jo. 4:20)
Se desejamos uma religião pura e imaculada devemos nos guardar da corrupção do mundo e ajudar os mais fragilizados na sociedade. (Tg. 1:27)
Jesus nos mandou ser luz, e que nossa luz deveria resplandecer diante dos homens para que vissem nossas boas obras (Mt. 5:16). Isaias dizia que não adiantava ritos religiosos se não houvesse amor, só amando o próximo que veríamos o Senhor responder nossas orações. (Is. 58)
Jesus nos ensinou a orar no plural (Mt. 6:9-13), Tiago deixa claro que nós não recebemos o que pedimos porque pedimos de forma egoísta (Tg. 4:3), só pensando no “eu”, não pedimos pensando no próximo.
Quando falo de obras não falo apenas de obras sociais no sentido de alimentar as pessoas, mas também falo de transformação de mentes e de caráter. Mas o que estamos fazendo pra mudar a história das pessoas? O que estamos fazendo pelos pobres, pelos viciados, pelas crianças que vivem na rua, pelos doentes, pelos desamparados, pelos que procuram a morte etc?
Assim como Calvino afirma que “o conhecimento de nós mesmos nos conduz ao conhecimento de Deus” e “o conhecimento de Deus nos leva ao conhecimento de nós mesmos” também afirmo que o amor a Deus nos conduz a amar o próximo e o amor ao próximo nos leva a amar a Deus, porque as duas coisas estão ligadas. É impossível amar o próximo sem amar Deus, pois seríamos incapazes de amar (1 Jo. 4:7). E é impossível amar a Deus sem amar o próximo, pois não podemos amar o que não vemos se não formos capazes de amar o que vemos (1Jo. 4:20).
Não se engane, toda vez que entramos na presença de Deus ele repete a pergunta que fez a Caim. Onde Está seu irmão? E na maioria das vezes a nossa resposta tem sido a mesma.
Amar a Deus de verdade parece ser uma tarefa impossível, mas quando amamos o próximo começamos a entender o que é amar a Deus.
