terça-feira, 13 de setembro de 2011

Música importada e a nossa pouca criatividade

Por Marcinho Thuler

images (1)“Cantem-lhe uma nova canção; toquem com habilidade ao aclamá-lo”. Sl. 33:3 (NVI) 

 
Pouco tempo atrás, algumas igrejas no Brasil não tinham o costume de ter bateria no louvor, era considerado algo fora dos padrões evangélicos, isso não acontecia com o piano, que era considerado um instrumento sacro. Mas você já reparou que a bateria tem mais identificação com o Brasil do que o Piano? Na música também não é diferente, nós sacralizamos a música internacional e “demonizamos” a nossa. Isso é porque somos reféns de uma cultura importada, onde o modelo de igreja, o estilo de culto até mesmo os costumes são meras importações. O que afetou muito a música gospel brasileira.

O fato é que a importação de música (ou versões) é algo bem antigo, os hinos do cantor cristão são versões de músicas estrangeiras. Já evoluímos muito, no entanto paramos no tempo novamente.

Atualmente somos reféns de poucos artistas midiáticos, que não estão ali pelo talento, mas pelo investimento. Duvida? É só olhar para suas músicas. Sim, repare e veja que boa parte das músicas que ouvimos e cantamos em nossas igrejas não são de composição brasileira, ou seja, nem a música nem o compositor são brasileiros. Fiz uma pequena pesquisa e descobri que só do Hillsong existem atualmente 193 versões em português e do Michael W. Smith pelo menos 31 versões; sem contar outros como Vineyard, Ron Kenoly etc. De forma alguma sou contra versões, são bandas, grupos (chamem do que quiser) que eu admiro e gosto da música (principalmente do Ron Kenoly). Mas, e quanto a cantar uma nova canção? Onde estão nossos compositores? Por que nossa música não tem o mesmo destaque? Por que as músicas são todas iguais?

É aí que entra a segunda parte do versículo, “toquem com habilidade”. Tocar com habilidade significa tocar com consciência, saber o que está fazendo, estudar a arte da música. Estudar nem sempre é estar numa escola, estudar significa pesquisar o seu instrumento, seja ele de corda, sopro, percussão ou sua voz. Na medida do possível se especializar através de uma escola. Por falta de conhecimento nossas músicas se resumem geralmente em quatro acordes, e as letras sempre falam sobre a mesma coisa (não aguento mais ouvir sobre "chuva").

Estamos enfrentando uma crise na música brasileira, onde bons compositores, músicos, arranjadores, são obrigados a darem lugar a amadores, pessoas que não tem uma vivência musical, e esta crise de certa forma também está no mercado gospel (isso mesmo MERCADO). O amadorismo tomou conta. É por isso que nossas músicas são "ralas", sem criatividade, os acordes são os mesmos, e a letra não fala nada com nada.
Por este motivo nos tornamos reféns da música importada, temos pessoas talentosas, no entanto a mídia não dá espaço ao talento, só ao investimento. A música brasileira é muito rica em variedade e qualidade, mas ainda preferimos dar lugar à música importada, porque ela já vem pronta.

Parabenizo pessoas como João Alexandre, Stênio Marcius, Arlindo Lima e outros que valorizam nossa música.

Viva nossa música!

Postado no Alfavip junho/11

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